Imagine poder escolher o prefeito de sua cidade pela internet ou participar de um plebiscito sem sair de casa, direto do celular, tablet ou do computador pessoal. Ficção? Na Suíça, há uma década, a cena faz parte do cotidiano, mas ainda é uma exceção. Por aqui, a chamada democracia digital dá os primeiros passos - com alguns tropeços - rumo a essa nova forma de participação política.
Apesar das dificuldades, pesquisadores são unânimes ao afirmar que o caminho é longo, mas irreversível. A web e suas ferramentas têm potencial para assumir o papel outrora desempenhado pela praça pública de Atenas - berço da democracia, onde as decisões eram tomadas sem intermediários - e dar uma nova cara ao sistema.
- Estamos em uma posição única para iniciar essa transformação. Pela primeira vez, em quase todo o continente latino-americano, a democracia não é apenas um intervalo entre ditaduras, e já temos a primeira geração formada nesse novo contexto - avalia Pedro Abramovay, mestre em Direito e diretor da Open Society Foundations para a America Latina.
Avanço das ferramentas virtuais exige cuidados
Mas a mudança não é um processo simples e traz uma série de dúvidas, a começar pelo risco de elitização, já que o acesso à internet ainda é restrito. Isso sem falar nas incertezas quanto ao uso dela. Os abaixo-assinados virtuais, por exemplo, sequer têm validade jurídica, porque as assinaturas das petições carecem de certificação.
“Não há dúvidas de que a evolução é positiva, mas é preciso que seja cercada de cuidados. Do contrário, grupos de interesses podem acabar falando em nome da sociedade, o que nem sempre é bom. Além disso, sem um controle sobre o local e o momento do voto, sempre há o perigo de uma volta do coronelismo em versão online”, pondera o professor de Direito da Informática da UFRGS, Cesar Santolim.
Fonte: Zero Hora